KATIA ZERO
Escritora, ex-colunista da Gazeta Mercantil, O Estado de S. Paulo e da revista da Confederação Nacional da Indústria.
DEPOIMENTO
“Eu conheci o Pimenta há mais de 25 anos em Washington, quando eu ainda era estudante. Eu e o meu marido, que era correspondente da Globo, fomos convidados para um jantar na casa do Pimenta. Os convidados eram todos mais velhos, intelectuais, e eu, mera estudante acompanhando o marido, esperava passar uma noite esquecida num canto. Para minha surpresa, foi o contrário. Ele nos recebeu com o maior carinho. Via-se logo que ele era super-dedicado à família, à casa e às duas filhas, que mimava ao extremo ao mesmo tempo que puxava para estudar e estudar e estudar.
“Nos quase oito anos que moramos em Washington, esse tratamento nunca oscilou e a imagem que formei e mantive dele foi sempre a desse período: uma pessoa ultra-bem sucedida, íntegra, trabalhadora, fiel à família e generosa com os amigos.
“Mais tarde, quando voltei a morar em Nova York e comecei a trabalhar como jornalista, o relacionamento passou a incluir também um lado profissional. Eu tinha publicado dois livros sobre Nova York, e o Pimenta, que nesse meio tempo, tinha retornado ao jornalismo e ao Brasil, me convidou para escrever uma coluna sobre o assunto, primeiro na Gazeta Mercantil, depois no Estado de S. Paulo.
“Nunca trabalhei diretamente na redação, mas nos quase sete anos que fui colunista, sob a direção dele, nosso relacionamento foi sempre impecável: amigável, correto, cordial. No trabalho, eu sempre recebi total apoio – encorajamento, respeito, carinho – dele e do jornal.
“O Pimenta é um chefe exigente, no sentido de que ele esperava nada menos do que o melhor de você, mas justo, generoso e humano, também. Na Copa de 1998, ele me incluiu no time de jornalistas que o jornal enviou à França. E sua porta e linhas telefônicas estavam sempre abertas para quaisquer dúvidas ou perguntas – e à qualquer hora.
“E não só para trabalho. Nesta época meu pai foi diagnosticado com câncer, depois faleceu. Nas horas mais difíceis e de grande estresse, ele sempre teve uma palavra de apoio, um gesto certo.
“Quando visitava o Brasil, sempre almoçávamos uma ou duas vezes no jornal. Nessas ocasiões a conversa invariavelmente era sobre os EUA, a vida em Nova York, a minha família e as filhas dele, que moravam nos EUA. Ele era extremamente orgulhoso do fato de elas terem se tornado excelentes profissionais. E vivia para o dia em que elas viessem visitá-lo.
“É esse o Pimenta que eu conheço, impecável, correto no trabalho e generoso na amizade.
Assinado:
Kátia Zero
Nova York, abril de 2006