Maria Luíza Pastor Gonzalez

Jornalista, consultora de comunicação, ex-editora do caderno de Empresas e Negócios da GAZETA MERCANTIL, ex-repórter especial de economia do jornal O ESTADO DE S. PAULO.

DEPOIMENTO SOBRE O JORNALISTA ANTÔNIO PIMENTA NEVES

“Conheci o jornalista Antônio Pimenta Neves em 1995, quando ele assumiu a direção do jornal Gazeta Mercantil, do qual eu era editora. Foi um período conturbado do jornal, durante o qual importantes mudanças estavam sendo implementadas, e para as quais sua presença foi decisiva. Era alguém que chegava com uma importante bagagem profissional internacional e uma visão que revolucionaria o então estagnado modelo do jornal. Mesmo com toda a carga profissional que o cercava, porém, ele chegou com discrição e uma postura elegante, sem alardear seu próprio mérito.

“Sua presença motivava a todos nós a buscarmos pautas mais arrojadas que as tradicionalmente publicadas. Imbuído do bom espírito do jornalismo da melhor tradição, ele ouvia todas as sugestões e idéias que eram apresentadas pelos repórteres e editores do jornal, por mais humildes que fossem, e fazia questão de não impedir que os seus profissionais passassem dias, semanas até, investindo o tempo em pesquisas e apurações minuciosas, a fim de garantir a melhor e mais precisa informação ao leitor. Sua ação no sentido de incentivar o melhor jornalismo possível fazia com que muitos de nós víssemos renovada a paixão pela profissão, que os problemas burocráticos muitas vezes tendem a embotar nas redações pressionadas pela apuração apressada, irresponsável e mal conduzida.

“Em que pese seu jeito tímido, muitas vezes confundido com arrogância -- principalmente pelos que preferiam o modo acomodado de fazer jornalismo --, ele sempre estava disponível para orientar e conversar sobre os temas que lhe fossem sugeridos. Nunca o vi tratar um profissional de modo mesquinho ou impertinente; ao contrário, fazia questão de cumprimentar a todos quando circulava pela redação, o que fazia com assiduidade.

“Nosso relacionamento na Gazeta Mercantil, entretanto, durou pouco, até que eu saí para o lançamento da revista IstoÉ Dinheiro. Minha própria saída foi uma decisão difícil, algo que ele tentou evitar a todo custo, de forma simpática e, até, protetora (ele tentava evitar que o que parecia ser uma aventura editorial prejudicasse minha carreira), mas acabou pesando mais o fato de que se tratava de um desafio raro no nosso mercado, o lançamento de um novo veículo. Saí com o coração apertado, pois raras vezes encontrara alguém tão profissional e, ao mesmo tempo, tão interessado por seus comandados.

“Nós nos encontramos novamente já no Estado de S. Paulo, quando fui por ele chamada para integrar a equipe de um projeto que pretendia, mais uma vez, ser revolucionário, com ênfase em matérias especiais e na injeção de sangue novo na redação. Foi um chamado simpático, em um momento difícil de minha carreira, e ele, sem maiores vínculos de amizade até aquele instante, se revelou um amigo fiel. Podia ter-me ignorado, mas preferiu ser justo. Ali, desde o primeiro dia de trabalho, senti que poderíamos viver um ambiente profissionalmente instigante, que geraria os melhores frutos para o leitor. Leitor que sempre foi o principal foco do trabalho do excelente jornalista Antônio Pimenta Neves.


Assinado:
Maria Luíza Pastor Gonzalez